Friday, January 23, 2009

A tartaruga, o navio e a Isolda




Ao saber que Dante estava para chegar, ou já sabendo que ele chegara, mais de uma pessoa inteligente franziu o cenho e perguntou: "E a Isolda?"
Esta é a diferença entre a tartaruga, o navio e a Isolducha. É que a tartaruga tem o casco virado pra cima e o navio tem o casco virado pra baixo.
E a Isolda?
Vai bem, obrigado.
Também nós estávamos curiosos para saber como a gata receberia o irmãozinho. Se uma bolinha de papel, imagine a menor bolinha de papel alumínio, já causa tanta correria, tanto excitação, o que não causaria um serzinho mexendo braços e pernas, qual um insetinho, chorando?
Pois bem, Dante chegou no domingo de manhã, dia 21 de dezembro, depois de passar duas noites no hospital. Isolda, naturalmente, veio receber-nos, como sempre faz. Em princípio, sequer notou o mocinho, levantou o rabo, arqueou a coluna, grunhiu seus miaus, jogou-se no chão, expôs sua barriga, lambeu as mãozinhas.
Foi só quando Dante começou a chorar, algumas horas depois, que ela percebeu que tinha alguém ali! E, tendo alguém diferente em casa, o que faz o gato? Esconde-se debaixo da cama, incontineti! E lá ela ficou, algumas horas. Depois, percebeu que o Dante não era como as outras visitas e saiu, foi cuidar de sua vida, pedir comida, visitar sua caixinha.
E a convivência tem sido ótima. Ela mal dá por ele. Muitas vezes, quando Lica amamenta, ela trepa na segunda prateleira da estante e fica pertinho, dormindo. Quando Dante chora, pedindo mais, ela dorme que só. Às vezes, levanta-se, ajeita a coluna, enovela-se e torna dormir. Só uma vez ou outra quis subir no carrinho, ficou de cheiros. No mais, é o dengo, a ternura, a poesia de sempre. Uma irmãzinha perfeita.

3 comments:

Indelével said...

Pois eh.. o Dante já está com um mês.
Foi bom confirmar aqui. Li um poema hoje, pensei nisso e quero compartilhar a primeira e a última estrofe dele

Poema para Matilde

Há apenas um mês
sob a luz do mundo,
dormes, crianças, e és
um profundo mistério
à guarda dos espíritos
brancos do ar
(...)

(E fico a sonhar teus filhos
recebendo - talvez
adormecidos como estás
agora,junto à janela
aberta ao azul de março-
de ti esta que te oferto
dura
herança de viver,
dever
e esperança)

Só mostro essas duas pq o poema é pessimista em relação à vida, ao que o bebê do poema está sujeito a enfrentar - embora não seja quanto a postura do bebê diante de tais adversidades - mas mesmo assim.
Enfim, é do Ruy Espinheira Filho.
Não conhecia esse poeta, estou gostando muito.

Beijos e mostra pra Ana Bia!

Unknown said...

Já desconfiava q. Isolda receberia o irmãozinho como uma fidalga. Ai, ai, esses felinos...

Nathalia Fernandes said...

O que mais tem me encantado em seu blog é a maneira com que você vai nos desvelando o universo do Dante.
Acredito verdadeiramente que seu mergulho na vida dele é a viagem mais incrível e bela feita por você.
Seus textos apresentam um estilo que muito me agrada.