Saturday, August 29, 2009

Dois Poemas para Dante e um Terceiro

I

Um certo jeito de mexer os lábios
um certo jeito de acender os olhos
certo jeito de tecer doçuras.
Olavo tinha razão
e Augusto também:
Inania verba, a idéia esbarra
no molambo da língua paralitica .
Ainda não inventaram palavras para
um certo jeito de recém-nascer.
E este poema se chama
Dante sorri.

II

Reza a definição:
recém-nascido é o bebê com até 28 dias de vida.
Mente o dicionário, erra a definição, tergiversam os homens.
Ao acordar nesta tarde
Dante é recém-nascido como
na primeira hora.

È neonato anche Dio.

III

Dominar o léxico, a semântica, a sintaxe, a fonética
não é suficiente
para saber a língua dos homens –
esta língua de acordos tácitos,
de anuências aprendidas sabe-se lá onde.

Desconhecer esta língua empurra-te
para a quina das mesas, para a margem dos acordos,
para o almoço mastigado a sós.
Mas de lá, da franja das tardes
percebes
aquele sorriso fugaz que mal chegou aos lábios, aquela
cigarra tardia (ou precoce?) ardendo confusa, aquele
violoncelo a murmurar no terceiro movimento do quarteto.
Tudo isso – sorriso, cigarra, murmúrio –
ignoto
dos que a falam.

8 comments:

Giubi-Lee On-Line said...

LINDOS, TODOS TRÊS!!!!!

Alegria said...

mto legal tiooo!!

esses saum mais faceis d entender... pq será?

:) :)

A VIDA NUMA GOA said...

Como assim, João?

Ah,entendi....

Nathalia said...

Simplesmente lindo...

Unknown said...

Que lindo poema mano. Fico imaginando ele quando crescer poder ler os poemas escritos por você!!!

mateus said...

said...
muito legal

Unknown said...
This comment has been removed by the author.
Unknown said...

Beautiful.Loved it.