Saturday, March 20, 2010

Nem só de chocolate (e relógios!) vive o homem... A cena progressiva suíça


 
Sempre tive muita pena dos suíços: vivem em um país feio, miserável, notório pelos seus péssimos chocolates e relógios e, o que é pior, sem uma cena progressiva à altura de uma Itália, uma Espanha, uma Alemanha da vida. Ora, mas não é bem assim... Embora desconhecida, a cena progressiva suíça é digna de ser lembrada, tanto a dos anos 70 quanto a mais atual. Chega a ser incrível que mesmo um ótimo livro como o Scented Gardens of the Mind, uma das minhas bíblias, não tenha nem uma linha sobre bandas suíças... E tem sobre Groelândia, Portugal, Bulgária, Grécia, Turquia...
 
Comecemos inventariando algumas bandas: Dos anos 70, começo dos 80: 
CIRCUS FLAME
DREAM ISLAND
DOCMEC
ERTLIF
EXIT
KROKODIL
PACIFIC SOUND
TOAD
WELCOME
AGAMEMNON (1981)
DRAGONFLY (1982)
 
Anos 90 em diante:
CLEPSYDRA
GALAAD
YOLK
METAMORPHOSIS
THONK
 
Do primeiro grupo, temos uma jóia absoluta que atende pelo nome de AGAMEMNON. Um único disco (editado pelos próprios caras) que apresenta duas longas suítes a contar a vida do herói grego que dá nome à banda. Parece incrível, mas ainda não foi reeditado em CD. Para compensar, temos vídeos do YouTube. Chega a lembrar a austríaca Kyrie Eleison, ao passo que a voz tem um quê de Cat Stevens...
 
Mas a jóia total dos anos 70 é o CIRCUS, em especial o álbum Movin’ On. Que maravilha! Um prog jazzístico de primeira, capaz de fascinar mesmo quem não é muito chegado a jazz ou prog-jazz (como eu). O disco (1977) segue uma fórmula cara à época: quatro faixas do lado A e a longa suíte do lado B. Mas, em que pese a excelência da suíte, é difícil decidir qual o lado é o melhor, dada a beleza e a garra das faixas mais curtas. Flautas divinas, mudanças de tempo sensacionais e, se você ouvir um bicho rugindo (principalmente se estiver de fones de ouvido), não se assuste: é só o baixo diabólico do Marco Cerletti.
 
Gravado na Suécia e produzido pelo Pär Lindh, o THONK, não obstante, é suíço. Earth Vision Impact (2001) é uma tecladeira infernal, chega a me lembrar os italianos Rustichelli e Bordini, em Opera Prima (1973). Ótimo disco.
 
Do METAMORPHOSIS, conheço apenas o terceiro, Then all was silent (2005), e é muito saber que no ano passado eles voltaram a lançar material. O som deles se situa entre o neo e o sinfônico, com algumas pitadas de eletrônico (eletrônico à la Tangerine Dream e não esses technos horrorosos, fique isto bem claro). Bastante melodioso, terá aqui e ali alguns momentos dispensáveis. Mas, no todo, é um disco muito bonito que apenas requer as famosas “repeated listenings”. Tem bastante mellotron e a primeira a última música são os destaques.
 
 

 

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