Wednesday, January 05, 2011

E a Modern Sound, hein?

Muitos bytes foram escritos na imprensa ultimamente acerca da Modern Sound, tradicional loja de discos de Copacabana, que fechou suas portas no fim de 2010.

Uma das últimas lembranças que tenho foi algo que li há uns 3 anos: o filho do dono, Pedro filho, afirmava que o que vai fechar são essas lojas de porta de rua, com fumaça de carro, essas vão fechar mesmo. Afirmação categórica, deselegante, arrogante. Acreditava ele que a MS era impermeável às mudanças e que pelo fato de ter sido transformada em casa de shows com restaurante iria sobreviver à, digamos, era digital.

Aliás, arrogância sempre foi uma das marcas registradas da loja. (Sobre isso não li uma linha nos artigos recentes). Os donos, os vendedores, os seguranças deviam ser muito cordiais com os artistas, com o Chico, com a Marina, com a Adriana, com a maioria dos turistas, mas professor, fisioterapeuta ou dona de casa que lá entrasse era tratado como se estivesse recebendo favores das Suas Excelências.

Um fato é inesquecível: procurava eu a trilha sonora de O Marido da Cabelereira, do Michael Nyman. A filha do dono, a Carolina, estava no caixa, e havia me dito que a o CD estava lá, na seção das trilhas. Ora, eu já percorrera duas vezes toda a seção, de fio e pavio, e nada encontrara e daí voltei a ela. O que faz a moça? Sem uma palavra, sai de seu altar irritada, vai até a seção, encontra o CD e coloca-o sobre o balcão. Sem uma palavra. Eu não tinha encontrado o CD porque era uma edição japonesa (como eu saberia?) e a lombada vinha toda escrita em caracteres japoneses! Ousei mesmo comentar com ela: "Desculpe, é que me esqueci de todo o japonês que aprendi no Segundo Grau", ao que a alta dama nada respondeu.

Mas devo ser honesto e lembrar que tratamento grosseiro em lojas de discos não era privilégio da Modern Sound. Eu já passara por experiências semelhantes em Bruxelas e em Paris (duas vezes, a última, então, só faltou eu quebrar aquilo tudo). Devo ser honesto também e lembrar que voltas a vida dá. Poucos anos depois, tenho esta mesma Carolina como aluna! No curso de Produção Fomográfica da Estácio! Era boa aluna e pessoa razoavelmente afável. Num dia em que saímos com a turma para tomar cerveja, lembrei-lhe do episódio. Ela, naturalmente, ficou muito impressionada, mesmo incrédula, afirmando que não se lembrava de nada... É que as feridas, minha cara, ficam em que as sofre, não em quem as causa.

2 comments:

۞ Potira ۞ said...

Eu não entendo como algumas pessoas acham que arrogância é qualidade que distingue uma boa loja quando se trata de atender ao público.

Se eu não sou bem atendida, só volto na loja se for a única que tem o que preciso.

Na biblioteca as pessoas ficam impressionadas porque saio do balcão e vou até as estantes localizar os livros que eles pedem, como se isso fosse algo surreal...

Josimar said...

Bom, sinto pela morte da Modern, mas felizmente a Fnac do Barra Shopping supre bem minha (pequena)demanda d raridades, apesar dos preços igualmente salgados