Thursday, January 27, 2011

Indignação



É o terceiro romance de Philip Roth que leio, depois de Dying Animal e A Humilhação, e o melhor até agora. Não digo que é o melhor disparado porque também gostei imenso dos outros dois, mas enquanto estes lidavam, basicamente, com a dura questão do envelhecimento, do amor no envelhecimento, Indignação, para além de tratar de questões humanas igualmente complexas, também lida com os problemas de uma nação. Quando Roth tenta fazer isso em Dying Animal, o faz mal, a narrativa para para que o autor (e não o narrador) disserte sobre a liberação da sexualidade nos EUA. Ou seja, tecnicamente falando, o romance (Dying Animal, não este) falha neste aspecto.


Já a ação de Indignação tem a Guerra da Coreia como pano de fundo, até que esta ocupe o centro das ações de forma magistral. A única coisa que falha aqui é a tentativa (machadiana) de o narrador apresentar-se como defunto-autor (ou autor defunto?). Pra quê isso? Não se desenvolve, não convence, não nada.... Mas está aqui este painel maravilhoso dos EUA do pós-guerra, está aqui a mediocridade asfixiante do Midwest norte-americano (Winesburg não foi proposital: é a Winesburg do Sherwood Anderson) e, principalmente, estão aqui personagens maravilhosos (este, o forte de Roth): Marcus Messner, seu pai (!), sua mãe, Flusser, Elwyn, Caudwell, Lentz. E, claro, Olivia. Por mais achatados que alguns destes personagens sejam, não são menos fascinante e inesquecíveis.


Marcus Messner, aliás, embora inteligente demais e calculista demais (com o que este too much tem de negativo) lembou-me mais tarde o Quentin, personagem imortal de The Sound and the Fury, de Faulkner.


E, ao tecer esta comparação, não posso pensar em homenagem maior a Philip Roth.

1 comment:

Raul Agostino said...
This comment has been removed by a blog administrator.