Friday, August 31, 2012

Um Egon, dois, Três Egons ::: Começar aos 60

Pedro Nava tinha quase 65 anos quando deu início à escrita de suas monumentais (em todos os sentidos) Memórias. Ele já escrevia, é verdade, participara ao seu modo do Modernismo em Minas, era poeta bissexto, mas foi preciso que sua mãe morresse para que ele arregaçasse as mangas e se dedicasse à penosa tarefa de rememorar, lançando Baú de Ossos em 1972. (Ei, 40 anos do lançamento, onde as comemorações neste país desmiolado?)

No quinto volume das memórias, o Galo-das-Trevas (todos os títulos são fuedas), o narrador em primeira pessoa sai de cena, dando lugar ao Egon, um primo. À época que li, fiquei completamente atordoado com esse duplo e, hoje, mesmo sabendo que o Egon é o próprio Nava (EGO + N, de Nava) o atordoamento não é muito menor, principalmente quando depois surge o Comendador, duplo do duplo, a quem já busquei aqui.

Mas por que isso tudo? Porque, tendo chegado a minha caixinha com as sinfonias completas de Egon Wellesz, fiquei estupefato ao saber que o compositor só começou a compor a primeira de suas 9 sinfonias (9 e mais a Sinfonia Epílogo, talvez tentativa, baldada, de fugir à maldição da Nona), à beira dos... 60 anos.

E como não fica bem em um post de blog falar só de dois Egons, é muito bom que as capas dos CDs tragam pinturas de um terceiro Egon, o Egon Schiele, pintor que me cativou em Viena. Este, claro, não esperou os 60 para começar a pintar. O expressionista austríaco dos amantes torturados morreu 32 anos antes disso.



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