Thursday, August 23, 2012

CUIDADO: (ÁGUA) FRÁGIL



Quando descobri o rock progressivo italiano eu não podia comprar os discos porque estes eram escassos e, por isso, vendidos pelo preço de trufas do Piemonte. Algumas pouquíssimas lojas os vendiam e eu, já um colecionador voraz, pouco podia fazer senão babar namorando (às vezes bolinando) as capas. Oh inacessíveis praias!...

Eram tempos pré-Internet e a única maneira de se chegar àquela música era pedir encarecidamente ao dono de uma fita, já cópia da cópia da cópia, que nos fizesse uma cópia. Imaginem a pureza de som naquelas TDKs e BASFs Cromo.

Assim conheci Museo, Quella Vecchia Locanda, Jumbo, Semiramis, Osanna. Paixão desta e de vidas por vir.

Mas cheguei, sim, a ter alguns vinis. Em Chicago, desencavei na Wax Trax, uma loja de segunda mão, o Mass-Media Stars, do Acqua Fragile. Paguei 2 dólares no dia 9 de setembro de 1986.

Acqua Fragile, quinteto de Parma, é uma banda de rock progressivo italiana que não faz rock progressivo italiano. Seu estilo, bastante influenciado por Yes e Genesis iniciais, tem um quê ainda de Gentle Giant e CSN&Y que o distancia de bandas como PFM ou Banco. Ademais, em seus dois álbuns (73 e 74), cantam em inglês.

Ora, apesar de renegarem a língua materna e apesar de não fazerem rock progressivo sinfônico suntuoso, deixaram um leagado de 13 ótimas canções. Eu achava a voz do Bernardo Lanzetti spitting image da do Peter Gabriel, mas hoje nem acho tanto. O Lanzetti, vocês sabem, depois foi para o Premiata, onde imprimiu seu selo inconfundível no também memorável Chocolate Kings.

Destaco as seguintes músicas: "Morning Comes", "Comic Strips", "Song from a Picture", "Three Hands Man", "Bar Gazing", "Opening Act" e "Coffee Song" (linda, linda) e há nesta seleção um equilíbrio entre as canções mais ligeiras, amiúde com ótimas harmonias vocais, e as mais melancólicas.

PS: Comentem o que quiserem, cada comentário é uma honra para este escriba, mas evitemos aqui obviedades acacianas como: "Ah, sim, são legaizinhos, sim, mas estão longe dos clássicos do progressivo italiano pláplépló..."



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