Tuesday, October 30, 2012

Tite




Um dos meus poetas diletos é o Tite de Lemos, da geração da Ana e do Armando. Por causa dele decidi que também eu teria o meu livro só de sonetos. Por causa do Jorge de Lima também, e do Carlos Nejar e do Sérgio Campos, mas mais por causa dele e para que não pairassem dúvidas copiei-lhe desabridamente o nome do seu Caderno de Sonetos. Depois veio o Outros Sonetos do Caderno. Seus sonetos têm tudo que amo: o respeito à e a rasteira na forma. Forma always, fôrma never. Rigor. Inda que embriagado, rigor. Um lirismo absurdo. Mas com humor. Ler poesia sorrindo.

Pois bem, faltava-me um seu livro em minha coleção, o Marcas do Zorro. Não mais, que o encontrei na Berinjela na sexta-feira passada. E por apenas 15 berinjelas. Detalhe: autografado.

Depois subi o Morro de Santo Antônio. Ao descer tomei chopes no Café e Bar Real na Carioca, amparado por um sanduba de pernil. À frente as igrejas lindas o céu e a brisa. Depois apareceram dois repentistas arretados.

E tem gente que diz que não há Deus.

SONETO
Tite de Lemos

14 tortuosas linhas, 13
labirintos sem fim e sem começo,
12 portas lacradas, 11 vezes
forçadas, talvez 10, até me esqueço.

9 questões de lógica celeste
ou 8 jogos de adivinhação,
7 ou 6 tentativas, todas vãs,
de escutar o que ainda não disseste.

5 metáforas jogadas fora
quando quero dizer-te que te adoro.
4 rimas rebeldes, 3 tropeços,

2 tombos e no entanto, finalmente,
nada que não pudesse resolver-se
em 1 simples bilhete adolescente.

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