Sunday, July 21, 2013

O Dia em que Rubem Braga comeu pavão



Há alguns meses visitei o Affonso Romano em sua cobertura de Ipanema e de lá ele me mostrou uma outra mais famosa e mítica cobertura: a de Rubem Braga, aquela em que, quando perguntado no fim da vida como receberia os curiosos, respondeu: a bala.

Acho que valeria a pena o risco, afinal, não se sabe se o Fazendeiro do Ar tinha boa pontaria, ainda mais depois de uns whiskies.

Se ele errasse os primeiros tiros, eu lhe perguntaria se foi verdade aquela história do pavão em Goa. Explico ::: descobri semana passada crônica do Rubem datada de fevereiro de 1990 chamada "De Goa a Ipanema". Nela o cronista conta que, quando em Goa, em 1965, recebeu convite de casal português para comer peru. Passadas garfadas, a dona da casa confessa que os enganara: não era peru coisa nenhuma, mas pavão, ave que Rubem diz ser "relativamente comum lá". Ele come até o fim. Mas com remorsos.

Nas duas vezes em que estive em Goa não vi pavão nenhum, nem solto nem em baixelas. Se eu teria comido? Isso é outra história.

Aliás (e quem conhece a crônica entenderá muito bem este aliás), certa vez eu e meu cunhado fizemos algo semelhante: servimos coelho à minha mãe dizendo tratar-se de galinha da angola. Quando contamos, ela ficou furiosa, como jamais vi.

E assim, de Goa a Angola se faz a crônica, à falta do talento (e de uma cobertura) do Rubem.

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