Friday, December 06, 2013

Villa-Lobos, Jobim, Pau Brasil e outros que tais



Sábado passado estive no Ibirapuera para assistir à Jazz Sinfônica com o quinteto Pau Brasil, num programa todo ele dedicado ao Villa-Lobos (Er, a abertura foi "Fé Cega, Faca Amolada, mas tudo bem).

O concerto foi ótimo e em dado momento o maestro João Maurício Galindo nos exorta a conhecer a obra de Villa, segundo ele 95% desconhecida.

Desculpem o comentário maldoso, mas na noite estivemos todos confortavelmente dentro dos 5%, com duas Bachianas (a linda 5 sem o vocal), Três Cirandas (Villa nosso Bártok) e "Na Solidão da Minha Vida". Mas tudo belissimamente executado, e o quinteto, quase que fazendo as vezes de solista em contraste ao corpo sonoro da orquestra, diz a que veio.

Parte da noite foi dedicada à influência do Villa em outros compositores, e aí foram executadas três peças, sendo que duas, "A Última Noite do Índio" e "Lá Vem a Tribo", de autoria de dois membros do Pau Brasil: o violonista Paulo Bellinati e o baixista Rodolfo Stroeter. Pela surpresa, mas não só por causa disso, o auge do concerto.

A outra peça foi "Saudades do Brasil", do Antônio Carlos Jobim, com sua orquestração edulcorada e melosa. Disneylândia perde.

Nesta imensa província que é o Brasil, falar mal de MPB é como mandar Jesus à merda no século XV na Espanha.

Todos devemos gostar de MPB, a nossa música.

Eu não gosto de MPB, mas respeito. Não gosto de funk, pagode, sertanejo, brega e não respeito : acho um lixo.

Mas voltando pra MPB. Tom Jobim fez a trilha-sonora do filme Crônica da Casa Assassinada, inspirado no forte e perturbador romance homônimo de Lúcio Cardoso (outro perturbador e perturbado).

Gente, será que o Tom leu o romance, o mínimo que se espera?

A música, que infelizmente lembra o lado soft do rock progressivo italiano dos anos 70, nunca se sincroniza com as imagens e jamais captam o ethos do Lúcio Cardoso.

Mas como é um Tom Jobim, só elogios.



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