Sunday, September 14, 2014

The Rime of the Ancient Mariner :: Coleridge, Brennand, Levi, Bedford, Oldfield & Co.






De modo não ser mais possível terminar o ano sem a leitura de The Rime of the Ancient Mariner (1798), do Coleridge. Explico.

No meio do ano naquele mundo à parte que é a Oficina Brennand descobrimos, lá para o final do sonho, à entrada mesmo do Templo do Sacrifício, duas citações do poema. A urgência de contar, seja através da poesia, seja através do barro, seja atravéns do barro da poesia.

E agora, terminando de reler o extraordinário A Tabela Periódica, de Primo Levi, encontro em "Cromo":

"Mas eu retornara do cativeiro há três meses, e vivia mal. As coisas vistas e sofridas me queimavam por dentro; me sentia mais perto dos mortos que dos vivos, culpado de ser homem porque os homens edificaram Auschwitz, e Auschwitz engolira milhões de seres humanos assim como muitos amigos meus e uma mulher que levava no coração. Me parecia que, para purificar-me, só através da narração, e me sentia como o Velho Marinheiro, de Coleridge, que segura pelo caminho os convidados que vão à festa para infligir-lhes sua história de malefícios. Escrevia poemas concisos e sangrentos, narrava vertiginosamente, tanto por escrito como oralmente, tanto que pouco a pouco nasceu daí um livro: escrevendo, encontrava um pouco de paz e me sentia de novo um homem, igual a todos, nem mártir nem infame e muito menos santo, um daqueles que criam família e olham para o futuro antes que para o passado."






E, para fechar bonito, um trecho lindo da versão musicada que David Bedford fez do Coleridge. Versão musicada e livre, inefável. A guitarra é do Mike Oldfield.

Eu podia ouvir isso e morrer. Mas agora não, já que tenho família e olho hoje antes para o futuro que para o passado.






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