Monday, October 10, 2016

Otto Lara Resende no Jardim Botânico


Otto Lara Resende, que aceitou concorrer a uma vaga da Academia com a frase "É a morte que nos leva a desejar a imortalidade impossível", está imortalizado no bronze de uma bela estátua numa esquina do Jardim Botânico, de costas para as árvores, de frente para o trânsito infernal, sorrisinho mineiro nos lábios.

(Acerca da ABL: ele entrou. E é uma pena que 'imortalidade', 'imortais' sejam, às vezes, apenas palavras, pois, quando ele se foi, entrou em sua vaga um tal de Roberto Marinho)

A esquina não é muito movimentada, mas qual passante o reconhece? Quantos leem hoje, ou leram, outrora, o menos famoso dos Quatro Cavaleiros do Apocalipse, mais lembrado como frasista (em especial 'O mineiro só é solidário no câncer') do que por sua ótima obra de ficção? É pena. Seus contos de O Retrato na Gaveta e As Pompas do Mundo são primorosos.

Outras quatro frases (sim, gosto delas) :


"Sou exatamente o menino que aos nove anos foi declamar um verso de Antero de Quental e se perdeu." (como isso lembra Herta Müller)

"O homem é um animal gratuito"

"Ultimamente, passaram-se muitos anos."

"Há em mim um velho que não sou eu."


Da última vez que cruzei com ele, havia jambo lindo florindo, vejam a foto acima.

E aqui eu conversando justo com ele, há dois anos, em Beagá ::


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