Tuesday, January 17, 2017

Crônicas Pirenopolinas IV :: A Igreja do Rosário



Quando pequeno, eu inventava palavras e às vezes me saía com frases engraçadas, para grande deleite do meu pai, que anotava e datava tudo. Lembro que por volta de seis anos eu vim com "Eu esqueço a dor", devidamente anotada e datada. Um pouco antes, acordei certa noite, umas três horas depois de deitar, fui pra sala, em que havia visitas, e perguntei "Hoje é amanhã?". E lá pelos seis anos, certa feita disse "quadradesco".

Bem. Emprego agora meu velho neologismo: sempre me impressionaram muito essas enormes torres quadradescas das duas principais igrejas de Pirenópolis: a N.S. do Rosário e a do Bonfim. Por que isso, gente? Fiquei assombrado nas três vezes em que visitei a cidade, em um intervalo de quase 25 anos, um assombro bom, morno, desses que nos deixam perto do inefável.

A Igreja do Rosário pegou fogo em 2002, perda irreparável. Foram embora o soalho de madeira, quase todos os retábulos e imagens e a pintura do teto, caso quase único em Goiás de igreja colonial com teto pintado. Sendo a velha cidade de Meia Ponte de grande afluência turística, fez-se restauração a contento. Pelo menos assim me pareceu.

Sua posição na praça elevada, permitindo que seja contemplada de quase toda a cidade, a harmonia de suas proporções, sua vista desde a velha ponte do Rio das Almas serão, com pequena margem de erro, o que de mais belo há em toda a arquitetura colonial goiana.

Se calhar de aparecem dois arco-íris no céu, aí já não há dúvida nenhuma.

PS: Quando estive em Pirenópolis nas duas primeiras vezes, a segunda em 1994, muito me alegrou também a gritaria das maritacas. Hoje há maritacas no Grajaú. Mas fiquei maravilhado ao voltar agora, janeiro de 2017, e encontrá-las exatamente onde eu as havia deixado. As mesmas maritacas.



















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