Thursday, December 28, 2017

Poetry, de Marianne Moore



Houve troca de presentes em nossa bodas de madeira e eu ganhei a coletânea da Marianne Moore traduzida por José Antonio Arantes. Presente especialmente significativo, posto que este ano mergulhei fundo em Elizabeth Bishop (aqui, aqui, aqui), que escreveu páginas antológicas e divertidíssimas sobre sua amiga Marianne.

Eu já dialogara com esta difícil poeta norte-americana no poema "Sapos" (aqui).

O que fiz agora foi propor que fizéssemos, de um jato, no melhor estilo first thought best thought, uma tradução para "Poetry".

Aliás, este poema é tão Marianne: começou grande, com quatro estrofes, e ela foi revisando, desbastando até chegar a isto:

POETRY

I, too, dislike it.
    Reading it, however, with a perfect contempt for it, one discovers in
    it, after all, a place for the genuine.

POESIA
Também não gosto. 
    Lendo-a, no entanto, com total desprezo, a gente acaba descobrindo
    nela, afinal de contas, um lugar para o genuíno.

(Trad. de José Antonio Arantes)


POESIA

Eu, também, desgosto;
Lendo, contudo, com pleno desdém, se descobre, afinal, um lugar de verdade.

(Trad. de Camila Veilchen)


POESIA

Também eu desgosto
    Mas se lemos com um solene desprezo, encontramos
    nela, enfim, espaço para o autêntico.

(minha trad.)

2 comments:

Susana Rodrigues said...

É que adorei o poema e as três traduções!

Tenho a dizer - se me permite - que de todas prefiro a da Camila. Ela conseguiu, a meu ver, dar a mesma entonação, o mesmo cantar do verso original. Ficou cristalino, pareceu-me.
Um beijinho a ela (se me permite, mais uma vez) e abraço para si. Aproveito para desejar a todos vocês um Feliz Ano Novo.

Evandro said...

Tem todas as permissões, Susana.... Que bonito ler isto! Um ótimo 2018 para você e suas meninas!