Tuesday, May 01, 2018

SOS Frango ao Molho Pardo


Não sei se sabem, mas o frango ao molho pardo, um dos carros-chefes da culinária mineira (ia escrevendo O carro-chefe, mas num time que conta com frango com ora-pro-nobis, frango com quiabo e feijão tropeiro com lombo, convém ser mineiramente prudente), está ameaçado. Mais que ameaçado, na verdade, proibido pela Vigilância Sanitária. A desculpa recai sobre os problemas de armazenamento etc. Ouvi dizer também que alguns restaurantes usavam sangue, sim, mas não propriamente da ave (arrepiado, preferi nem perguntar de quê), o que teria também ensejado a proibição.

Assim, muitos restaurantes adotaram a postura de só prepará-lo por encomenda, de um dia para o outro. Não consta do cardápio. Clandestino.

Soube também que alguns estabelecimentos têm a licença direitinho, contudo, conversando com a dona de um deles (uma das grandes damas da culinária mineira), ela nos confessou ser uma traficante de sangue, chegando no frigorífico depois que todo mundo já foi embora e voltando com as mão cheias. De sangue.

O seu frango ao molho pardo é daquelas experiências nirvânicas que atingem a todos sentidos e nos faz mesmo crer no beleza da vida e na bondade dos homens e mulheres. Malgrado tanta canalhice.

PS: Pago tantos impostos que quero que o governo fiscalize o que não posso fiscalizar. No entanto, creio ser muito melhor uma atitude educativa que meramente proibitiva. O frango ao molho pardo é, para mim, tão patrimônio quanto o queijo do Serro, o empadão goiano (aqui), o acarajé e o mate supergelado das praias cariocas.


No comments: